sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A limitação (compulsória) dos gastos públicos (PEC 55) e os conselhos profissionais




            O Congresso Nacional tem analisado e debatido a Proposta de Emenda Constitucional sobre a limitação de gastos e investimentos públicos por um determinado período (tipo, uns 20 anos!)
            Quando a proposta esteve na Câmara de Deputados, lhe foi dada um tratamento comum, como se tratasse de um projetinho sem importância. Durante sua tramitação, houve audiência pública sobre o tema? Foi concedido espaço para que a sociedade organizada se manifestasse sobre a proposta? Não, não e não!
            Agora que está no Senado, documentos técnicos e pareceres orientam pela sua inconstitucionalidade (Ué! Mas na Câmara de Deputados foi constitucional??). Surgem também movimentos político-partidários contrários à PEC, mas mais devido a pressões dos Estados sobre seus senadores pelo fato de que a limitação de gastos públicos agravará a sua situação econômico-social, principalmente nas áreas da saúde, educação e segurança. E as audiências públicas ocorrerão?
            O debate sobre os gastos e investimentos públicos precisa ser aprofundado com a sociedade, pois é ela que o financia através dos impostos e taxas públicas pagas sistematicamente!!
            É necessário, por exemplo, revisar os critérios de gasto com remuneração e aposentadorias dos funcionários públicos (tão discrepante ao dos celetistas!); com pagamento de diárias e mordomias – como auxílio disso e auxílio daquilo – concedidas aos detentores de altos cargos no Executivo, Legislativo e Judiciário; e revisar os critérios de cobrança, punição e devolução de valores sobre os maus gestores envolvidos com propinagem, desvios de recursos públicos e obras não realizadas!
            Há um sentimento de que a rapidez para a aprovação desta PEC esconde um interesse de desconstrução de políticas públicas em áreas estratégicas já estabelecidas, principalmente na saúde, educação, segurança e ciência e tecnologia, e possibilitar a interferência e submissão a setores da sociedade com interesse econômico para a cogestão lucrativa dessas áreas, na perspectiva da terceirização do trabalho, precarizando-o.
Nesse sentido, vale lembrar que o STF analisa o Recurso Extraordinário 958.252, sobre a constitucionalidade da Súmula 331 do TST, a qual veda a terceirização na chamada atividade-fim (principal) de uma empresa. Por força da repercussão geral, o caso vira precedente para todas as questões relativas ao tema. A decisão certamente influenciará na tramitação de projeto de lei que prevê terceirização irrestrita, já aprovado na Câmara e em tramitação no Senado (PLC 30).
            E os conselhos profissionais?
            São instituições autárquicas criadas para fiscalizar o exercício de determinada profissão, zelando os seus princípios éticos em benefício da sociedade, punindo as infrações à lei.
            Se isto for verdade, será ético deputado federal e senador inscrito em conselho aprovar norma legal que precarize o trabalho de seus próprios colegas de profissão?
            Ou será ético ele aprovar norma que limite gastos e investimentos públicos essenciais à sociedade, como saúde, educação, segurança e ciência e tecnologia, sem buscar alternativas menos impactantes?
            A fidelização partidária para aprovação de projetos como a PEC 55 e o PLC 30 justificam o dano à sociedade decorrente de serviços e de trabalho precarizado?
            Qual é o conselho profissional que está alinhado à sociedade para estes enfrentamentos no Congresso Nacional? Algum conselho profissional já fez audiência pública com seus inscritos sobre isto? Consulte o site deles!!

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